PARECER JURÍDICO |
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"Estima a Receita e Fixa a Despesa do Município para o exercício financeiro de 2019" 1. Relatório:O Poder Executivo Municipal apresentou o Projeto de Lei N.º 034/2018, que “Estima a Receita e Fixa a Despesa do Município para o exercício financeiro de 2019.” A proposta foi encaminhada à Procuradoria pela Presidência da Câmara para análise nos termos do artigo 105 do RI. 2. Parecer:O Projeto de Lei nº 034/2018 de autoria do Poder Executivo Municipal tem como objetivo discriminar os objetivos e metas propostas no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias, estimando as receitas e fixando as despesas do Governo Executivo Municipal para o exercício subsequente - 2019. Preliminarmente, constata-se que a proposição encontra respaldo no que diz respeito à autonomia e à competência legislativo do Município, insculpidas no artigo 18 da Constituição Federal de 1988, que garante a autonomia a este ente e no artigo 30 da CF/88, que garante a autoadministração e a autolegislação, contemplando o conjunto de competências materiais e legislativas previstas na Constituição Federal para os Municípios: Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; (...) Assim, a matéria normativa constante na proposta se adéqua efetivamente à definição de interesse local, já que o Projeto de Lei nº 034/2018 trata de normas que estabelecem quais serão as receitas e autoriza as despesas para o ano seguinte no âmbito do município de Guaíba de acordo com a previsão de arrecadação, tendo uma marcante característica fiscal, bem como importantes reflexos sociais para a população municipal. Foi devidamente observada ainda a iniciativa para a deflagração do processo legislativo, sendo o envio da LOA competência privativa do Chefe do Poder Executivo, conforme prevê o artigo 165 da CF/88: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. É também nesse sentido a determinação legal constante do artigo 52, XII, bem como do artigo 106, II, da LOM: Art. 52 Compete privativamente ao Prefeito: (...) XII - enviar ao Poder Legislativo o Plano Plurianual, o projeto de lei de Diretrizes Orçamentárias e as propostas de Orçamento previstos nesta Lei; Art. 106 Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. (...)
I - orçamento fiscal referente aos Poderes do Município, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de investimento das empresas em que o Município detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social, com direito a voto; III - o orçamento de seguridade social.
O Poder Executivo Municipal respeitou ademais o prazo estabelecido na Lei Orgânica Municipal (art. 107, “c”) para o envio do Projeto de Lei sobre o orçamento anual, sendo que foi este protocolado em 31 de outubro de 2018. Foi atendido também o princípio da transparência e publicidade do orçamento, conforme determina, e.g., o artigo 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que exige a realização de audiência pública, conforme se constata do Edital de Audiência Pública que consta da folha 07 dos autos e da ata e lista de presença de fls. 09 e 10 do Projeto de Lei, devendo conforme tal dispositivo, que seja disponibilizado em meio eletrônico de acesso público (disponível no site Oficial da Câmara Municipal de Vereadores de Guaíba no link: https://www.camaraguaiba.rs.gov.br/portal/?sec=proposicao&id=14263): Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos. Identifica-se que a proposição atendeu os requisitos constitucionais e legais, apresentando, notadamente: - Anexo com o Demonstrativo com tabelas explicativas da receita e da despesa do Município de forma integrada, inclusive metodologia e premissa de cálculos, nos termos do que dispõe o art. 12 da Lei Complementar nº 101, de 2000 e art. 22 da Lei nº 4.320, de 1964; - Previsão da Receita Corrente Líquida; - anexos orçamentários n.ºs 1, 2, 6, 7, 8 e 9 da Lei nº 4.320, de 1964; - descrição sucinta de cada unidade administrativa e de suas principais finalidades com indicação da respectiva legislação (parágrafo único do art. 22 da Lei nº 4.320, de 1964); - quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação (inciso III do § 1º do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964); - quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais (inciso I do § 2º do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964); - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia da receita (Lei Complementar nº 101, de 2000, art. 5º , II); - demonstrativo da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado (Lei Complementar nº 101, de 2000, art. 5º , II); - demonstrativo das aplicações nas Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS) (recomendado, mas não obrigatório); - demonstrativo das aplicações na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) (recomendado, mas não obrigatório); - relação dos compromissos (convênios e contratos) firmados para 2018 com os respectivos créditos orçamentários (recomendado, mas não obrigatório); - anexo de compatibilidade do orçamento com o anexo de metas fiscais (Lei Complementar nº 101, de 2000, art. 5º , I), contendo:
- anexo demonstrativo da receita corrente líquida (Lei Complementar nº 101, de 2000, art. 12, § 3º ); - anexo demonstrativo da despesa com pessoal do Executivo, do Legislativo e consolidado do Município (recomendado, mas não obrigatório); - anexo demonstrativo dos limites do Poder Legislativo (recomendado, mas não obrigatório); - anexo demonstrativo do limite de gastos administrativos do Regime Próprio de Previdência Social (somente se o Município tiver RPPS – recomendado, mas não obrigatório); - anexo demonstrativo da receita e da despesa por destinação e fonte de recursos (recomendado, mas não obrigatório); e - relação dos precatórios a pagar em 2018 com os respectivos créditos orçamentários (recomendado, mas não obrigatório). O Projeto encontra-se devidamente acompanhado das Atas dos Conselhos Municipais deliberativos referentes aos Programas de seus respectivos Fundos Municipais (Saúde, Educação e Assistência Social) e atende à exigência trazida pelos arts. 5º , 7º e 18 da Portaria STN no 274, de 13 de maio de 2016, de que a peça consigne as dotações suficientes para suportar as despesas com as transferências a consórcios. Conforme consta do artigo 2º, § 2º do Projeto de Lei em análise, é dever dos Poderes Executivo e Legislativo, mediante ato próprio, em até 30 dias após a promulgação da Lei do Orçamento, ou antes do início do exercício, publicar, através do Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD), os elementos e respectivos desdobramentos. Conforme determina o Regimento Interno em seu artigo 120, inciso II, o Projeto deve ser apresentado em 03 Sessões Ordinárias consecutivas com prioridade de pauta, de modo a dar publicidade à proposição, garantida a palavra aos parlamentares para a discussão da matéria (art. 120, inciso III): Art. 120. Na apreciação dos orçamentos da administração centralizada e autarquias serão observadas as seguintes normas: (...) II - o projeto, durante 3 (três) reuniões ordinárias consecutivas, ficará com prioridade na Pauta; III - em cada uma das reuniões prevista no item anterior poderão falar Vereadores, durante 5 (cinco) minutos cada um, sobre orçamentos, englobadamente; Cabe ainda à Comissão de Finanças e Orçamento examinar e emitir parecer a respeito da formalidade do Projeto, analisando os requisitos legais e a adequação do Projeto de Lei que dispõe sobre a LOA para o exercício de 2019 (art. 108 da LOM), garantindo a devida publicidade. Deve-se alertar que a Comissão de Finanças e Orçamento somente deve aprovar as emendas que sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, nos termos do art. 166, § 3º, I e II e III da Constituição Federal. Eventuais emendas devem ainda indicar os recursos necessários. Conclusão:Diante do exposto, a Procuradoria opina pela legalidade e pela regular tramitação do Projeto de Lei nº 034/2018 – Executivo Municipal, por inexistir inconstitucionalidade manifesta que impeça a sua deliberação pelas Comissões e em Plenário, cabendo à Comissão de Finanças e Orçamento elaborar Parecer aprofundado a respeito dos requisitos e das formalidades do Projeto. É o parecer. Guaíba, 08 de novembro de 2018. FERNANDO HENRIQUE ESCOBAR BINS Procurador Geral da Câmara Municipal de Guaíba OAB/RS nº 107.136 O Documento ainda não recebeu assinaturas digitais no padrão ICP-Brasil. |
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