Câmara de Vereadores de Guaíba

PARECER JURÍDICO

PROCESSO : Projeto de Decreto n.º 001/2018
PROPONENTE : Comissão de Finanças e Orçamento
     
PARECER : Nº 220/2018
REQUERENTE : #REQUERENTE#

"Aprova as contas do Executivo Municipal de Guaíba, relativas ao exercício financeiro de 2011"

1. Relatório:

A Comissão de Finanças e Orçamento apresentou o Projeto de Decreto Legislativo nº 001/18 à Câmara Municipal, que “Aprova as contas do Executivo Municipal de Guaíba, relativas ao exercício financeiro de 2011”, de acordo com o estabelecido no art. 31, § 2º, da Constituição Federal, em análise ao Processo n.º 00938-0200/11-6, do Tribunal de Contas do Estado de Rio Grande do Sul, sobre as contas do Prefeito referente ao exercício de 2011. Encaminhou-se o Projeto à Procuradoria desta Casa para emissão de parecer jurídico, não cabendo, entretanto, a análise meritória das Contas por esta Procuradoria.

2. Parecer:

Preliminarmente, constata-se que a Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 31, §§ 1º e 2º, a competência do Poder Legislativo Municipal para fiscalizar o Poder Executivo Municipal mediante controle externo, inclusive através da análise do parecer prévio emitido pelo Tribunal de Contas do Estado das Contas dos Municípios, norma constitucional reproduzida também pela Lei Orgânica Municipal (art. 121 e §§):

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

  • 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
  • 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

Art. 121 A fiscalização financeira e orçamentária do Município será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Executivo instituídos em Lei.

  • 1º O controle externo da Câmara será exercido com auxílio do Tribunal de Contas do Estado ou órgão estadual a que for atribuída essa incumbência, e compreenderá a apreciação das contas do Prefeito e da Câmara Municipal, o acompanhamento das atividades financeiras e orçamentárias, bem como julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos.
  • 2º Somente por decisão de 2/3 (dois terços) dos membros da Câmara Municipal, deixará de prevalecer o parecer emitido pelo Tribunal de Contas do Estado ou órgão estadual incumbido dessa missão.

            Estabelece ainda o referido artigo 31 da CF/88, em seu § 3º - também reproduzido pelo art. 123 da LOM - o dever de a Câmara Municipal, em homenagem ao princípio da publicidade, garantir que as Contas de Governo fiquem disponíveis para consulta por 60 dias a fim de que os cidadãos possam examiná-las e apreciá-las. Assim, tendo sido recebidas as contas em 07 de maio de 2018, devem estas permanecer à disposição dos contribuintes até a data de 06 de julho de 2018:

Art. 31 (...)

  • 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

A Lei Orgânica Municipal dispõe ainda que compete privativamente à Câmara Municipal a fiscalização externa do Município, com o auxílio do Tribunal de Contas, cabendo assim ao Poder Legislativo Municipal o julgamento das Contas do Prefeito, conforme se depreende do art. 28, XIII da LOM:

Art. 28 À Câmara Municipal, privativamente, entre outras atribuições, compete:

(...)

XIII - exercer a fiscalização financeira e orçamentária do Município, com o auxílio de Tribunal de Contas do Estado, tomando e julgando as contas do Prefeito de acordo com a Lei;

Também o Regimento Interno da Câmara Municipal de Vereadores de Guaíba dispõe, em seu artigo 123, que cabe à Comissão de Finanças e Orçamento a elaboração de Projeto de Decreto Legislativo, após a apreciação das Contas de Governo no âmbito dessa Comissão, estando correta a iniciativa legislativa:

Art. 123. A prestação de contas, com o referido parecer prévio, será apreciada pela Comissão de Finanças e Orçamento, que elaborará Projeto de Decreto Legislativo e ser votado até 70 (setenta) dias após o recebimento do Parecer do Tribunal de Contas, ou órgão para isso competente.

Destarte, cabe à Câmara Municipal votar o presente Projeto de Decreto Legislativo até 19 de julho do presente ano.

Em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa, recomenda-se que os gestores das contas do exercício de 2011 – Henrique Tavares e Marcelo Reinaldo - sejam notificados pela Presidência da Câmara Municipal, a pedido da Comissão de Finanças e Orçamento, para que, querendo, possam apresentar defesa escrita e/ou oral ao Poder Legislativo. Tem sido essa a jurisprudência dos Tribunais, sob pena de nulidade do ato:

TJSP. APL 0000251-98.2015.8.26.0646. 13ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO. PUBLICAÇÃO 07/12/2015. Mandado de Segurança Legitimidade dos Vereadores para discutirem a existência de violação de direito líquido e certo relativo à tramitação de Projeto de Decreto Legislativo N.º 002/2014 que deliberou acerca de aprovação de Contas da Prefeitura Municipal de Urânia quanto ao Exercício de 2010. Anulação de ato praticado pela Presidente da Câmara Municipal. Tramitação e julgamento do Projeto de Decreto Legislativo que não obedeceu aos trâmites legais e constitucionais. Autoridade coatora não respeitou o direito à ampla defesa e o princípio do contraditório quanto ao Prefeito Municipal de Urânia. Ato anulado. Segurança concedida na origem. R. Sentença mantida. Recurso voluntário e reexame necessário desprovidos. REL. FLORA MARIA NESI TOSSI SILVA

Quanto à análise das Contas, a Comissão de Finanças e Orçamento solicitou ao servidor efetivo encarregado que elaborasse diagnóstico sucinto do parecer prévio, anexo à proposição, o qual identificou de forma resumida e didática os apontamentos constantes na instrução técnica do TCE/RS, sendo que tal documento poderá auxiliar os membros da Câmara Municipal no exame do parecer prévio do órgão de controle externo.

Cabe ainda ratificar que para a rejeição do parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado, exige-se o quórum de 2/3 dos membros da Casa Legislativa, conforme os comandos do art. 31, § 2º da CF/88 e art. 121, § 2º da LOM.

Conclusão:

Diante do exposto, a Procuradoria opina pela legalidade e pela regular tramitação do Projeto de Decreto Legislativo nº 001/2018, por inexistirem vícios de natureza material ou formal que impeçam a sua deliberação em Plenário.

É o parecer.

Guaíba, 21 de junho de 2018.

FERNANDO HENRIQUE ESCOBAR BINS

 

Procurador Geral

OAB/RS 107.136



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