Câmara Municipal de Guaíba
Estado do Rio Grande do Sul

A presente proposta legislativa que dá denominação de via pública no Bairro Jardim dos Lagos III tem por objetivo homenagear de uma maneira singela Everton Speck.

O Everton Speck nasceu em Porto Alegre, no Hospital Cristo Redentor em 09/03/1963. Filho de Nilson Speck e Orly sturmer Speck. Com oito anos sua familia mudou-se para Guaiba pois seu pai começou a trabalhar na Empresa Borregard, passando a morar na Vila da Borregard. Lá ele passou a sua infância e boa parte da juventude. Foi neste lugar que o contato direto com a natureza fez com que despertasse nele uma de suas paixões, os pássaros, ele passava horas do dia explorando e observando as várias espécies que viviam ali. A música que foi a principal das suas paixões, sempre fez parte de sua vida, já que as rodas de violão eram rotineiras nas reuniões de família nas noites de verão. E essa vivencia fez com que desde menino por conta própria e com a ajuda das revistas de violão e guitarra da época aprendesse a tocar os instrumentos que seriam os seus companheiros para a vida toda. No final dos anos setenta, mais precisamente em 1978,  juntamente com seu grande amigo Marcelo Costa Barbosa formaram a sua primeira banda, a FASCINASOM, na época estudavam no Premem na sétima serie. Com esta banda fizeram umas duas ou três apresentações. Em 1980 ele e o Marcelo fizeram parte do Grupo SAFRA criado pelo amigo Pedro Munhoz, este grupo participou e ganhou o Festival Estudantil da Canção, com a música, Angústia Provinciana, promovida pela UGEEC, União de Estudantes do Ensino Comercial, realizado no mesmo ano  no Auditório Araújo Viana. Esta banda não era de rock, mas sim nativista. Em meados de 1983/84, os dois amigos criaram a Banda APSE, que durou até 1986. Durante este tempo o Everton ia  aprimorando o seu gosto pela música e pelo rock,  e identificando-se com algumas bandas como The Beatles, Pink Floyd entre outras...Em 1987 foi criada a banda Signo Vital que durou até 1991. No ano de 1990 Everton forma-se em Publicidade e propaganda juntamente com seu amigo Marcelo Costa Barbosa, na UNISINOS. Em 1992, os mesmos amigos criaram a Não Ford nem sai de Simca, banda estilo anos 50/60. Depois veio em 1995 a “Projeto Base”, onde ganharam no mesmo ano o Sexto Fesmug, Festival de Musica Guaibense, com a música “Eu quero sempre mais”, depois “The name”, “Vinil 77”.

Em meados dos anos 2000 ainda fez parte da “Band dos Signos”, onde tocavam somente covers. No ano de 2001 Everton descobre que é portador da Hepatite C, e então ele passa a aprender a viver com todas as limitações que esta doença  lhe apresentou. Não obtendo sucesso com os tratamentos indicados para a doença por apresentar reações adversas às medicações , ele passou a fazer apenas um controle sobre a mesma esperando sempre por um novo medicamento que não lhe causasse tais reações. E ao esmo tempo por esta situação passou a fazer parte da lista de espera para transplantes de fígado. Por toda esta situação o Everton acabou se aposentando, e então passou a dedicar suas horas vagas à música e a fotografia, principalmente de pássaros que era a sua paixão. Criou uma página no flick onde publicava estas fotos, e estão lá até hoje.

No ano de 2006 o Everton formou a Dark Horse Band, em Porto Alegre, pra tocar as músicas do Beatle George Harrison como forma de tributo a sua relevante carreira. A Banda foi formada por grandes músicos do cenário gaúcho num total de 11 integrantes , guitarristas, bateristas, baixistas, backing vocals, metais, teclados...enfim, uma verdadeira trupe pra executar o mais próximo possível os temas. Um deles era o seu amigo de adolescência Ciro Remédio, o Tota que seria o seu parceiro da música ate o final da sua vida. A Dark Horse Band tocou de 2007 a 2014 em bares e teatros de Porto Alegre entre eles Abbey Road Pub e Teatro do CIEE.

No ano de 2011 a banda Signo Vital voltou a se formar. Neste retorno voltaram a apresentar alguns shows nas noites de Guaiba. E os ensaios voltaram,  semanalmente,  o Everton que já não estava mais morando em Guaíba devido o seu tratamento de saúde ser no hospital de Clínicas, poderia voltar à cidade de seu coração.  Ele sempre falava que depois do transplante gostaria de voltar a morar em Guaiba. Em 2014, conseguiram realizar um grande sonho, a gravação do primeiro Cd da banda Signo Vital.

Nesses últimos  anos as complicações da doença foram aumentando, o Everton já estava diabético e sentindo alguns desconfortos,  que o faziam seguidamente ir para o Hospital de Clínicas fazer um controle maior, já que ainda não haviam encontrado uma medicaçãoapropriada a doença. Assim o Everton, entre os ensaios, os shows, as fotos dos pássaros, nunca perdendo a esperança do transplante, já que estava em 13º  da fila  para o mesmo ia vivendo. Em 11 de março, dois dias após o seu aniversário e um dia após ter ensaiado com seus amigos da Banda Signo Vital o Everton baixou no Hospital Moinhos de Vento com dores abdominais e febre, estava com uma infecção, ficou internado lutando pela sua vida até dia 15/03, onde veio a falecer, deixando um vazio e uma dor imensurável em seus familiares e amigos, que foram pegos de surpresa já que apesar da gravidade de sua doença os médicos diziam sempre que estava tudo sobre controle e dentro das expectativas.

O Everton deixou muitas coisas maravilhosas para recordarmos dele, as musicas lindas que ele compunha , as fotos da natureza e dos pássaros, as filmagens dos momentos com os amigos e familiares, e o mais importante a alegria, o amor pelos amigos e pela família e o exemplo de pessoa amável e querida por todos.

Como trata-se de Loteamento novo, sendo a rua sem qualquer morador ainda, a orientação do Departamento Jurídico desta Câmara foi de que o abaixo assinado requerido pela legislação, neste caso, é dispensável.

Guaíba, 06 de julho de 2016.

 PAULA HOLZMANN DE ALMEIDA